quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Psicopatologia da opinião cotidiana: uma homenagem ao dia da proclamação da "coisa pública"


A mania configura-se durante a posição depressiva, sendo principalmente uma defesa contra a ambivalência, contra o reconhecimento de que o objeto primário, a mãe, originalmente mais ambiente do que propriamente objeto, é continente simultâneo, como protótipo do mundo externo e receptáculo de projeções, tanto dos aspectos idealizados da existência quanto dos mortíferos e ameaçadores








terça-feira, 13 de novembro de 2012

A questão da "escolha" homossexual

Foto por Leonardo Lina.

Ontem uma coluna em uma revista de grande circulação - o que por si só causa-me incredulidade, dado seu enviesamento reacionário - causou polêmica ao comparar homossexualidade a zoofilia, entre outros absurdos de verniz liberal, racional e legalista, mas, como sempre, pressupostos profundamente moralistas e medievalmente religiosos. Não queria divulgar discursos tão perniciosos, mas pra não falar sem contexto, eis um link.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A medicalização da sexualidade (heterodoxa)

Foto por Francisco Javier Argel.

Circulou um hoax um tempo atrás sobre o Hetracil, droga que "curaria" a "homossexualidade". Fiquei sabendo pelo blog do Felipe Lisboa, onde rendeu, mesmo sendo paródia, uma boa reflexão. Pois bem, esbarrei depois com uma ou outra notícia que me lembrou o assunto, e que indica que, de fato, onde há fumaça, há fogo; a paródia só é efetiva, revoltando ou divertindo, por estarmos a um passo, mesmo, da era da medicalização da sexualidade. Heterodoxa, claro.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O dualismo linguagem/corpo

Foto por Lil Miss Sunshine 09.
Um último ponto de estranheza no posfácio de Butler é a forma como reedita um certo cartesianismo que toma como dado em Austin: “the body is the vehicle for the speech act” (1) (Butler in Felman, 2003 [1980], p. 119). Tal dualismo parece leva-la a considerar o ato de fala como uma verbalização (Ibid., p. 118), e ainda a eleger o corpo como a garantia de infelicidade do performativo: “the body in its sexuality guarantees the failure of the speech act” (2) (Ibid., p. 115). É uma forma estranha de ler a “doutrina da infelicidade” de Austin, já que este parte justamente de um questionamento desta dualidade corpo/linguagem. A linguagem, em Austin, é linguagem-“corpo”, linguagem-pulsão (Rudge, 1998, pp. 94-99). Evitar esta cisão, que torna possível pensar no “corpo” como “veículo” do ato, é em que Austin insiste, e é assim que tomo sua célebre conclusão:

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Da anterioridade locucionária



Em seu "porém" à Teoria dos Atos de Fala, Butler fala em “capacidade referencial”, “representação de intenção”, “auto-representação”. Deixando de lado o fato mais específico de que é tanto da referência quanto da representação que Austin esvazia a importância, acredito que os termos apontem em última instância para a crença comum à autora e a Derrida, quanto à anterioridade locucionária, ou seja, quanto à locução anteceder o performativo e, de certa forma, determina-lo (ou limitar suas possibilidades).

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O "eu" em Austin


Estamos analisando, a partir de uma certa crítica de Judith Butler (análoga a uma de Derrida), o estatuto do sujeito falante, performativo, na Teoria dos Atos de Fala de John Langshaw Austin. Parece-me que Austin, diversamente da concepção filosófica tradicionalmente iluminista e racionalista, pressupõe um sujeito nada soberano, mesmo que também nada alienado à constatividade.