"O amor infantil é ilimitado; exige a posse exclusiva, não se contenta com menos do que tudo. Possui, porém, uma segunda característica; não tem, na realidade, objetivo, sendo incapaz de obter satisfação completa, e, principalmente por isso, está condenado a acabar em desapontamento e a ceder lugar a uma atitude hostil" (Freud, 1996 [1931], p. 239).
Este é de Sexualidade Feminina, de 1931.
O que dizer? Eis aí o realismo (ou pessimismo, diriam alguns) psicanalítico. A insaciabilidade estrutural das pulsões como fonte primeira do sofrimento em sua miríade de manifestações está colocada neste trecho.
Não sabemos o que queremos, mas sabemos que o queremos, seja o que for, de forma absoluta. René Girard, aliás, é um que diz isso com todas as letras. É que a pulsão insiste, e sua insatisfação, pra falar bem claro, dói. A má notícia é que ela é insaciável, e qualquer gozo é transitório.
A insaciabilidade é uma noção importante em Klein, por exemplo, que dela deriva todo tipo de mecanismo defensivo psíquico, um deles a inveja - quando, na falta insistente de satisfação a que estamos condenados, passamos, de um jeito ao mesmo tempo desesperado e esperançoso, a supô-la -- ou quase aluciná-la --, esta mesma satisfação impossível, em outrem. A insaciabilidade também orienta, acredito, a ética proposta por Lacan para a psicanálise: "não ceder em seu desejo" talvez possa ser entendido como "reconhecer a insaciabilidade e aprender a habitá-la".
No fundo, e não sei se isso é um conforto ou se é o golpe narcísico final, a insaciabilidade é uma boa notícia; pois a dor que traz, o sofrimento permanente que instaura tem um só nome: vida.
Este é de Sexualidade Feminina, de 1931.
O que dizer? Eis aí o realismo (ou pessimismo, diriam alguns) psicanalítico. A insaciabilidade estrutural das pulsões como fonte primeira do sofrimento em sua miríade de manifestações está colocada neste trecho.
Não sabemos o que queremos, mas sabemos que o queremos, seja o que for, de forma absoluta. René Girard, aliás, é um que diz isso com todas as letras. É que a pulsão insiste, e sua insatisfação, pra falar bem claro, dói. A má notícia é que ela é insaciável, e qualquer gozo é transitório.
A insaciabilidade é uma noção importante em Klein, por exemplo, que dela deriva todo tipo de mecanismo defensivo psíquico, um deles a inveja - quando, na falta insistente de satisfação a que estamos condenados, passamos, de um jeito ao mesmo tempo desesperado e esperançoso, a supô-la -- ou quase aluciná-la --, esta mesma satisfação impossível, em outrem. A insaciabilidade também orienta, acredito, a ética proposta por Lacan para a psicanálise: "não ceder em seu desejo" talvez possa ser entendido como "reconhecer a insaciabilidade e aprender a habitá-la".
No fundo, e não sei se isso é um conforto ou se é o golpe narcísico final, a insaciabilidade é uma boa notícia; pois a dor que traz, o sofrimento permanente que instaura tem um só nome: vida.
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