Eu sempre achei fascinante a explicação behaviorista da depressão, e não me lembro de este insight experimental ter sido explorado por nenhum psicanalista que eu tenha lido.
Os caras colocavam um rato boiando num cilindro cheio d'água até a metade e observavam a extinção paulatina de todo comportamento motor do animal. O rato inicialmente tentava sair do cilindro, nadar pra terra firme, etc. Quando todas as tentativas falhavam, ele simplesmente parava de se mexer e deixava-se afundar e morrer.
Depressão pode ser fixação em objetos perdidos, "sombra do objeto sobre o ego", como queria Freud, pode ser efeito de superinvestimento do superego, ou consequência da convergência entre disposição masoquista e uma pulsionalidade de morte particularmente intensa, constitucionalmente, mas ela também é algo tão simples quanto isso: quando nada do que você tenta adianta, você desiste, por mais "saudável" que seja.
Por isso a depressão (assim como as chamadas perversões, por sinal) denuncia de forma especialmente incisiva os limites da psicanálise clássica, do consultório e da perspectiva individualizadora do sofrimento. Só que não estou falando de grupoterapia, psicanálise aplicada nem de nenhum destes paliativos que acabam sendo muito mais alienantes que a clínica freudiana tradicional.
É que não há cura verdadeira da depressão que não exija, isso sim, uma clínica da cultura; uma sociedade estruturada em torno da frustração, da concentração de recursos e do espetáculo, para nomear alguns dos fatores que aí incidem, produz, em massa, sujeitos deprimidos.
E nos meus momentos mais revolucionários - ou histéricos, como diria a turma do "deixa disso" - eu chego a achar que curá-los chega a ser iatrogênico.
Os caras colocavam um rato boiando num cilindro cheio d'água até a metade e observavam a extinção paulatina de todo comportamento motor do animal. O rato inicialmente tentava sair do cilindro, nadar pra terra firme, etc. Quando todas as tentativas falhavam, ele simplesmente parava de se mexer e deixava-se afundar e morrer.
Depressão pode ser fixação em objetos perdidos, "sombra do objeto sobre o ego", como queria Freud, pode ser efeito de superinvestimento do superego, ou consequência da convergência entre disposição masoquista e uma pulsionalidade de morte particularmente intensa, constitucionalmente, mas ela também é algo tão simples quanto isso: quando nada do que você tenta adianta, você desiste, por mais "saudável" que seja.
Por isso a depressão (assim como as chamadas perversões, por sinal) denuncia de forma especialmente incisiva os limites da psicanálise clássica, do consultório e da perspectiva individualizadora do sofrimento. Só que não estou falando de grupoterapia, psicanálise aplicada nem de nenhum destes paliativos que acabam sendo muito mais alienantes que a clínica freudiana tradicional.
É que não há cura verdadeira da depressão que não exija, isso sim, uma clínica da cultura; uma sociedade estruturada em torno da frustração, da concentração de recursos e do espetáculo, para nomear alguns dos fatores que aí incidem, produz, em massa, sujeitos deprimidos.
E nos meus momentos mais revolucionários - ou histéricos, como diria a turma do "deixa disso" - eu chego a achar que curá-los chega a ser iatrogênico.
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